segunda-feira, 9 de abril de 2012

Como lidar com o profissional que tem QI mas não tem QE?

Ficar paralisado pelo medo não resolve. É preciso agir...


Quem já não teve a experiência inesquecível e traumática de ter que se reportar a um chefe descrito como louco ou de TPM permanente, isto é, “Temperado Para Matar”, o chefe-mala que impõe suas idéias em decibéis ensurdecedores enquanto não usa nada de sua audição para ser influenciado por outros – como um ditador de uma republiqueta latino-americana.

Muitos desses chefes até têm alguma competência ou tem “QI, não o quociente de inteligência, mas o “Quem Indicou” para o posto de ditador e, resguardado pelas “costas quentes” de outro chefe-mala, o prepotente ditador comete barbaridades, como assédio moral diário. Infelizmente, não aquele que possa ser processado judicialmente, mas o sutil, silencioso e sádico que adoece os que deles dependem.

Estes malévolos feitores corporativos conseguem sua autoridade por conseguirem resultados, às custas de sabe-se lá o quê ou quem, e por períodos mais longos do que seria esperado. O estrago que provocam no caminho, seja na saúde de suas vítimas ou do clima organizacional, pode passar despercebido por muito mais tempo do que seria aceitável no Século 21, mas essas criaturas ainda vivem, não num texto de Kafka ou em filmes como “O Iluminado”, vivem entre pessoas reais e empresas com CNPJ e tudo mais, bem próximas de nós.

O que lhes sobra de “QI”, lhes falta de “QE” – Quociente Emocional – ou Inteligência Emocional, termo cunhado por Daniel Goleman nos Anos 80 e transformado em sucesso absoluto em milhões de livros. Muito resumidamente, a IE tem dois componentes essenciais: a Gestão de Si Mesmo – principalmente o controle de nossas emoções, e a Gestão dos Relacionamentos – particularmente a sensibilidade interpessoal e empatia para tratarmos os outros como gostaríamos de ser tratados.

Certamente, o personagem descrito acima, como se extraído de sonhos narcisistas ou nazistas, é totalmente desprovido da mínima inteligência emocional. Ele acredita estar servindo ao “bem maior” da organização que o abriga, ou pelo menos de seu cúmplice que dele se aproveita enquanto pode.

De outro lado, as vítimas dilaceradas em seu orgulho profissional e pessoal se perguntam até quando poderão agüentar a tortura diária. Fossem os mercados abundantes em oportunidades de emprego alternativas, o ditador se veria abandonado e encontraria o fracasso inevitável. Mas isto não é a realidade de nossos dias, especialmente em alguns setores da economia. Resta-lhes lidar com esta dura realidade, mas como?

Em minha experiência e de meu conhecimento, aqueles ditadores acabam derrapando em alguma missão e sem os resultados anteriores, emerge da cegueira da gestão superior, os males causados às pessoas e, de repente, encontram a cova merecida do fracasso em suas carreiras e do merecido desemprego.

Torcida para tal e comemorações quando aquele final feliz acontece não faltam nos sonhos e conspirações dos corredores empresariais, mas estas aspirações não resolvem o drama diário de conviver com aquele “pinochetzinho”.

Infelizmente, quando não conseguimos abandonar este barco capitaneado pelo louco dos mares corporativos e também não conseguimos adotar uma postura de lótus de um monge zen budista, resta-nos tomar iniciativas mais concretas e ativas.

É preciso agir... Mas de que forma?

Uma delas é, por meu conhecimento de figuras similares, a reação com a mesma força, mas na direção contrária. Algumas personalidades arrogantes, explosivas e temperamentais deste tipo se paralisam e se amedrontam repentinamente quando alguém lhes confronta, permitindo um diálogo com alguma inteligência e calma. Claro, que esta iniciativa traz um risco – o de eu estar errado no caso particular com o qual o leitor está lidando – e do ditador se livrar do oponente insolente.

Outra reação, não menos arriscada, é usar da “política de porta aberta” (não o “dar no pé”) mas buscar o chefe do chefe do ditador e relatar os comportamentos inaceitáveis da chefia tóxica, estimulando algo como uma “acareação” com outros colegas mais amedrontados. A expectativa nestes casos é de que em algum nível da organização haja algum valor maior, acima de resultados financeiros – o quê nem sempre é verdade, sabemos.

Descartada a alternativa mais radical de, mesmo empregado, processar o “ditador” por assédio moral – ação que vem sendo mais praticada do que se pensa, resta a mais ingênua e provavelmente já tentada e desperdiçada do diálogo. Para maior eficácia, esta ação depende do apoio da pessoa mais competente tecnicamente e/ou mais sênior/madura do departamento se juntar à nobre causa do fim das torturas. A conversa aberta, honesta e dura com o chefe maluco, demonstrando os riscos de abandono gradual e mesmo de sabotagem da equipe pode colocar alguma dose de razão na mente do indivíduo.

Improvável? Sim, é verdade. Porém, a passividade e o deixar-se consumir pela toxidade ambiental provocada pelo ditador destemperado, com altíssima probabilidade da quase certeza, provocará estragos na auto-estima e na carreira, cujo reparo futuro, este sim será mais improvável. Como cantou Vandré: “Quem sabe faz a hora não espera acontecer.”

Fonte:Roberto Santos

 Vya Estelar

Hasta la vista, Baby!!!

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