sábado, 5 de março de 2011

Aprenda a descansar




Recarregar a energia não implica dormir muito (ou pouco). É preciso despertar para o dormir bem.

Entre 2005 e 2006, o Ministério da Saúde fez um levantamento com 15.000 pessoas em 09 estados para detectar a qualidade do sono dos brasileiros. Todas elas passaram pela polissonografia — exame que avalia como a pessoa dorme e quais os problemas que apresenta. Resultado: os paulistas são os que mais sofrem com noites maldormidas. Não por coincidência, São Paulo tem a maior concentração de executivos do país. "Por causa da carga horária puxada e da pressão elevada, eles sofrem mais com os distúrbios do sono", diz Dalva Poyares, neurologista do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo. "Para esses profissionais é essencial manter o equilíbrio. Uma noite mal dormida significa redução do desempenho, desmotivação, irritação e aumento do risco de ocorrência de acidentes", diz. 
Um dos piores inimigos do sono dos executivos são as viagens de negócio. As restrições que os passageiros sofrem em termos de movimento geram desconforto e estresse, o que acaba levando a uma noite ruim de sono. O fuso horário também é outro fator que contribui para uma noite maldormida. Quanto mais fusos horários a pessoa cruza, pior. Afinal, o seu relógio biológico não bate com a hora local. Por causa disso, o profissional pode sentir fadiga, sonolência e ter sua capacidade cognitiva diminuída no dia seguinte. 



O problema se agrava com noites seguidas sem dormir, que, diferentemente do que muitos pensam, não podem ser compensadas num fim de semana. "Se o executivo é notívago, mas pode acordar mais tarde no dia seguinte, não há problema em fazer essa alteração de horários", diz o neurologista Luciano Ribeiro Pinto, também do Instituto do Sono. "Mas, se ele gosta de trabalhar à noite e precisa acordar cedo, aí passa a ter uma privação das horas de sono, o que pode virar um problema." 



Noites maldormidas não significam somente insônia. Às vezes, o sono é intenso em todas as horas do dia e isso também indica que algo está errado. Foi o que aconteceu com o gerente bancário do Bradesco em Piracicaba, Leandro Leite, de 45 anos. Por quase um ano, Leandro teve sonolência excessiva durante todo o dia e toda a noite. Não conseguia nem se concentrar na tela do computador. O problema foi progredindo e, com medo de perder o emprego, ele procurou ajuda médica. Ao fazer uma polissonografia, Leandro descobriu que, apesar de dormir muito, dormia mal — resultado do estresse do trabalho e das constantes mudanças de cidade. Em dez anos, Leandro mudou três vezes. Após a descoberta, ele passou a tomar medicação, mas diz que o equilíbrio veio mesmo com a adoção de uma atividade física regular. Ele faz natação duas vezes por semana e caminhadas diárias. 



A prática de exercícios também foi o caminho adotado pelo paulistano Marcos Haniu, de 45 anos, para se livrar de um problema oposto ao de Leandro: insônia crônica. Marcos é headhunter e diretor-presidente da Authent, empresa com sede em São Paulo, especializada em recrutamento de executivos. Uma crise o obrigou a demitir funcionários e a fechar uma filial da empresa. No começo, ele tomou medicamentos por três meses. "Sentia que os remédios me faziam dormir, mas não descansar, por isso decidi procurar outras formas de voltar a ter um sono tranqüilo", explica. Ele mudou os hábitos alimentares (hoje está cinco quilos mais magro), pratica atividade física, melhorou as relações familiares e de amizade e, principalmente, segundo ele, encontrou equilíbrio emocional. 



É importante não demorar para buscar ajuda ao perceber algum distúrbio. "Geralmente as pessoas acreditam que é só resolver uma situação pontual para voltar a dormir bem, e com isso entram na automedicação, só agravando o problema", diz o neurologista Shigueo Yonekura, administrador do Instituto de Medicina e Sono de Piracicaba e Campinas. Ele chama a atenção para a importância do sonho, que ocorre na fase mais profunda do sono. Quem sofre dos distúrbios do sono dificilmente chega nessa fase. Aí fica um alerta. Hoje, com o avanço da medicina e da indústria do sono, já é possível diagnosticar possíveis problemas, tratá-los e até preveni-los. O segredo é não esperar contar carneirinhos ou pescar em frente ao computador no trabalho para buscar ajuda. Quanto antes, melhor.



Fonte: Deborah Trevizan - Revista Exame






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3 comentários:

  1. André Gomes da Cidade Maravilhosasáb. mar. 05, 03:14:00 AM 2011

    Boa dica. Vou aproveitar o periodo do Carnaval e colocar em prática as dicas desse artigo.

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  2. Muito boa a reportagem...Parabénssss!!!!

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  3. Hudson Xavier Lobatto.seg. mar. 07, 01:50:00 PM 2011

    zzzzzzzzz. Já estou praticando. Aproveitei o Carnaval. Ótimo, excelente.

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