terça-feira, 29 de junho de 2010

Entrevistas de Seleção de Pessoal baseadas em B.F.Skinner

O profissional que atua com entrevistas de seleção de pessoal está automaticamente, antes de tomar qualquer decisão, suscetível a influências subjetivas de sua própria história de vida (valores, morais, resistências, limites, e assim por diante). No campo das Organizações, neste caso, no subsistema de recrutamento e seleção, em nossa graduação, observa-se que nenhuma abordagem psicológica (Psicanálise, Análise do Comportamento, Fenomenologia, dentre outras) é conivente com a idéia de "neutralidade", ainda mais considerando que esta função é responsável pela escolha de candidatos "certos" aos cargos "certos", como propôs Chiavenato (1983).

Trabalhamos em uma Consultoria de RH com mais de 40 anos de prestação de serviços voltados a subsistemas de RH. Certa vez, em uma atividade de treinamento de Consultores de Seleção de Pessoal, nos deparamos com o seguinte relato verbal: "O candidato era burro demais!". Como facilitadores do treinamento, perguntamos ao jovem entrevistador: "o que você observou ou ouviu do candidato para confirmar esta hipótese"?

Após este questionamento, o treinamento transformou-se em um debate comportamental. Chegamos a um consenso de que os comportamentos observados foram:
A) O candidato interrompeu o entrevistador pelo menos 7 vezes com perguntas acerca de conteúdos já explicados anteriormente;
B) Ele utilizou linguagem machista;
C) Alterou a voz na dinâmica de grupo, evidenciando sua raiva em relação a um dos candidatos;
D) Ele fez comentários destrutivos sobre seus antigos chefes e empregos.
Sem expor o jovem entrevistador, podemos ter uma idéia de quanto pressentimentos, intuições, julgamentos de valores, opiniões pessoais, dentre outros aspectos da história de vida dos selecionadores de pessoal são conflitantes e influentes para o tão esperado ato de decisão e seleção de "melhores" candidatos.
 
Na nossa opinião, o maior desafio de um selecionador de pessoal, consiste em tentar ir além de seus sentimentos e interpretações mentalistas ao reunir informações sobre a história de vida dos candidatos, seu repertório comportamental e probabilidades de comportamentos futuros se chegasse a assumir o cargo pleiteado.

Neste cenário, muitos psicólogos e profissionais de RH tem recorrido a Análise do Comportamento cujo as raízes filosóficas estão vinculadas ao Behavirosimo Radical de B.F. Skinner (2000) que entende o comportamento não apenas como a ação do sujeito, mas como a relação destas enquanto se relacionam com o(s) ambiente(s), abordagem empírica que permite a contextualização de ações, a identificação das raízes das condutas, da funcionalidade, magnitude e freqüência sem recorrer a interpretações subjetivas do observador, no caso, do entrevistador e selecionador de pessoal.

Um entrevista baseada em comportamentos no campo organizacional, devido a falta de tempo, pressão por metas e afins, ocorre geralmente de forma estruturada da mesma forma em que ocorrem as entrevistas baseadas nos traços de personalidade e psicodinâmica, focada na relação do candidato ao trabalho como nas entrevistas baseadas na abordagem de conversação, porém, dando preferência às perguntas abertas e respostas narrativas. As decisões de “melhor candidato” são tomadas não apenas com base na freqüência de respostas / ações / contextos e suas conseqüências, mas na interface dos dados reunidos empiricamente, menos suscetíveis a interpretações subjetivas versus dados acerca do cargo, da organização, da equipe e chefia que já está instalada no departamento responsável pela oportunidade de trabalho e demais envolvidos.

Segundo estudos ressentes divulgados nos últimos anos na ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) e CONARH (Congresso Nacional de Recursos Humanos) no campo de entrevistas comportamentais e por competências, a melhor maneira de agregar valor ao subsistema de recrutamento e seleção é empregar não apenas uma técnica de seleção, como esta, que preocupa-se com a não influência de decisões baseadas nos limites e valores do selecionador, mas efetivamente nos comportamentos apresentados pelos candidatos em situação de entrevistas, provas situacionais, dinâmicas de grupo, testes de conhecimento, e demais contingências de reforçamento. Outra dica, seria envolver em 360º os gestores e profissionais de RH na cultura e clima da organização, para que, se por ventura os aspectos subjetivos destes profissionais influenciarem na escolha de pessoal, que seja de maneira a considerar às determinantes da cultura organizacional e não apenas aspectos pessoais dos entrevistadores.

Fonte: Eduardo T.S. Alencar – Psicólogo / Organização Gelre
Alcimar Nunes Fraga – Consultora de RH /Organização Gelre

Bibliografia
Chiavenato, I. (1983). Introdução a teoria geral da administração.
São Paulo: MCGRAW-Rill. Edição nº3.
Skinner, B.F. (2000). Ciência e Comportamento Humano.
São Paulo: Martins Fontes.

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quinta-feira, 24 de junho de 2010

O que o futebol pode ensinar sobre liderança

Época de Copa do Mundo, o assunto em todos os cantos é sempre o mesmo: futebol. E o que podemos observar nas quatro linhas além do toque de bola e a habilidade técnica dos jogadores? Por exemplo, toda equipe tem um líder em campo, o capitão. De imediato podemos observar que hierarquicamente ele se equivale a todos os outros jogadores, não sendo necessariamente superior em poder, mas tem autoridade, que não é adquirida com a braçadeira, e sim, por sua experiência e sua habilidade. Na verdade, ele é uma referência para os demais, sendo sua indicação como capitão, um reconhecimento de seu trabalho por seus companheiros.

E qual a importância da existência de um líder em campo? O capitão está ali para coordenar os esforços de todos, dentro da estratégia delineada pelo técnico (esse sim, tem hierarquia e poder de decisão). Além disso, como já mencionado, ele é um exemplo, suas atitudes esportivas, influenciam o comportamento dos demais. Vale observar que em nenhum momento o capitão dita regras e se coloca em posição de destaque em todas as jogadas, pelo contrário, ele joga em sua posição, respeitando a formação da equipe.

Outro fato interessante é que o título de capitão é rotativo, atendendo às necessidades da equipe naquele momento do jogo. Por exemplo, se o técnico acha que o capitão não está bem, e decide substituí-lo, o capitão sai e passa a braçadeira para outro, que também tem o respeito da equipe e pode tranquilamente exercer autoridade. Importante ressaltar que o substituto da liderança também foi preparado previamente para assumir essa responsabilidade. E o técnicos, em sua maioria, apesar de seu poder, costumam dar autonomia para os jogadores em campo, no sentido de que, mesmo com o esquema tático pré-estabelecido, se o jogo seguir em direção diferente, os jogadores podem (e devem) decidir qual o melhor posicionamento e a postura a ser adotada para atingirem o resultado.

Diante desse panorama, fica a sugestão para as equipes de qualquer organização: o líder é um membro da equipe como os demais, o que o destaca é o seu conhecimento e experiência, atributos que lhe conferem respeito independentemente de sua indicação ao posto. E para o líder fica a dica de que ele não tem ser o destaque em todos os projetos, tem que atuar como sempre atuou, mas atento aos detalhes para acompanhar e direcionar o trabalho dos colegas.

Outro alerta fica para os gerentes e diretores: sejam como os técnicos, estabeleçam as estratégias "com" a equipe, e não "para" a equipe, e quando eles estiverem em campo, ofereçam autonomia porque eles são capazes, e caso alguém esteja destoando, que sejam feitas as alterações necessárias, sem imposição, porque a linha de frente é capacitada, e só eles sabem o nível do adversário que estão enfrentando. Além disso, os líderes não devem temer a mudança e se acharem insubstituíveis, devem preparar um substituto, porque ele é humano, e nem sempre poderá estar presente, o que não minimiza sua importância perante o time.

Parafraseando James Hunter ("O Monge e o executivo"), o líder deve servir, assim como o capitão faz com sua equipe. Um princípio simples, aplicado com eficácia no futebol, mas que as organizações têm dificuldade de aprender.

Fonte: Natasha Fogaça
Formada em Administração de Empresas
 pela Universidade de Brasília - UnB.
Experiência no setor de telecomunicações,
com atuação em um dos principais players do mercado.
Áreas de interesse: Planejamento estratégico,
controle gerencial, marketing, branding, mercado financeiro.
 
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domingo, 20 de junho de 2010

Quanto vale cada Seleção ?

Iniciada a Copa do Mundo 2010 na Áfricado Sul resolvi pesquisar sobre os valores que giram em torno deste evento que mexe com todo o Planeta. 
O Torneio é disputado por 32 seleções e a sua divisão em feita em 8 grupos em sua primeira fase.
 Desta forma foi elaborado um estudo representativo do valor de cada seleção presente no Mundial FIFA 2010 na África do Sul. No total o valor total dos direitos econômicos dos jogadores das 32 seleções presentes na prova ultrapassará os 5 bilhões de Euros.
Para realizar este estudo, foram avaliados os direitos econômicos dos 25 jogadores mais utilizados por cada seleção nacional, durante a fase de qualificação para o Mundial e nos mais recentes jogos de preparação. O valor de cada um dos jogadores de cada seleção, foi apurado mediante a consulta de vários agentes e agências FIFA, bem como diversas de empresas de scouting, ambos com experiência na avaliação de direitos econômicos de jogadores de futebol.

Valor das 32 seleções do Mundial FIFA 2010 – África do Sul:


GRUPO A
África do Sul 35 M€
México 95 M€
Uruguai 145 M€
França 450 M€
TOTAL 725 M€


GRUPO B
Argentina 390 M€
Nigéria 115 M€
Coreia do Sul 50 M€
Grécia 100 M€
TOTAL 655 M€


GRUPO C
Inglaterra 440 M€
USA 55 M€
Argélia 55 M€
Eslovénia 45 M€
TOTAL 595 M€


GRUPO D
Alemanha 305 M€
Austrália 40 M€
Sérvia 185 M€
Ghana 115 M€
TOTAL 645 M€


GRUPO E
Holanda 280 M€
Dinamarca 85 M€
Japão 70 M€
Camarões 140 M€
TOTAL 575 M€


GRUPO F
Itália 400 M€
Paraguai 90 M€
Nova Zelândia 15 M€
Eslováquia 70 M€
TOTAL 575 M€


GRUPO G
Brasil 515 M€
Coreia do Norte 15 M€
Costa do Marfim 180 M€
Portugal 340 M€
TOTAL 1050 M€


GRUPO H
Espanha 565 M€
Suiça 115 M€
Honduras 45 M€
Chile 85 M€
TOTAL 810 M€

Valores em M€ (milhões de Euros)

Os valores apresentados neste estudo representam uma estimativa, uma vez que o valor de um jogador de futebol depende sempre de muitas variáveis. O valor de cada seleção é fruto da soma dos 25 jogadores mais utilizados na fase de qualificação das equipes e jogos amistosos, sendo que poderá variar consoante a valorização ou desvalorização de cada jogador.

Fonte: Futebol Finance

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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pesquisa sobre marcas relacionadas à Copa do Mundo

O Instituto QualiBest (www.institutoqualibest.com.br) acaba de divulgar os resultados de uma pesquisa nacional sobre marcas relacionadas à Copa do Mundo. Realizado durante o mês de maio de 2010, com 604 internautas das cinco regiões do Brasil, o estudo apontou que as marcas mais lembradas – sem nenhum tipo de estímulo – são Nike (44%), Coca-Cola (33%), Adidas (26%) e Brahma (19%).


Porém, quando estimulados com opções de marcas e produtos associados à Copa do Mundo, os internautas elegeram a Coca-Cola como primeira do ranking, com 67% das escolhas. Na sequência, destacaram-se as marcas Nike (58%), Adidas (42%) e Brahma (41%).


De qualquer forma, tanto de maneira espontânea quanto estimulada, estas quatro marcas foram mais lembradas pelos internautas brasileiros quando o assunto é Copa do Mundo.

Melhor propaganda


A pesquisa também questionou as campanhas publicitárias relacionadas à Copa do Mundo e 56% dos entrevistados disseram ter preferência por alguma publicidade, 25% responderam que nenhuma peça se destacou e 19% não se lembraram de nenhum comercial.

Questionados sobre o meio de comunicação onde os 81% dos entrevistados ouviram ou viram a campanha que mais gostaram, 89% citaram a TV. Muito distante, a segunda mídia foi a Internet, citada por apenas 9% dos participantes.


Dentre os internautas que gostaram de alguma campanha publicitária específica, as mais lembradas foram: Coca-Cola (22%), Seara (16%), Skol (15%) e Brahma (14%). Quando questionados sobre o que mais gostaram nas propagandas das marcas escolhidas, os pesquisados responderam que a Coca-Cola era "interessante" por descrever o sentimento do torcedor brasileiro. A Seara foi apontada como "divertida", graças à performance dos jogadores do Santos ao som de Single Ladies. A preferência pela campanha da Skol foi pelo "humor inteligente", por conta dos argentinos que bebem a cerveja e "se tornam brasileiros". Já a propaganda da Brahma foi apontada como "criativa" por retratar que o povo brasileiro é guerreiro.


Celebridades

A mesma pesquisa ainda apontou que 48% dos entrevistados não associam a Copa do Mundo a artistas ou celebridades que não sejam diretamente ligados ao futebol. Entre os 52% restantes, o narrador Galvão Bueno é o mais lembrado (10%), seguido de Ivete Sangalo (6%), Fátima Bernardes (5%) e Lula (5%).


Dados da Pesquisa


Coleta: questionário enviado via e-mail para preenchimento.
Amostra: foram obtidas 604 respostas de todo o Brasil, incluindo homens e mulheres cadastrados no Painel QualiBest, com mais de 18 anos de idade, das classes A, B e C.
Campo: 11 a 14 de maio de 2010.
Fonte: administradores.com.br
 
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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Brasil, Copa do Mundo, Vendas e Marketing Global

Mesmo não sendo "consumido" no mundo todo, todo mundo sabe da sua existência e reconhece quando o vê, assim como a latinha vermelha com a onda branca, da Coca-Cola, ou o excesso de "os" do Google.

Podemos fazer uma analogia entre a Copa do Mundo e o mercado global, além da guerra entre as empresas fabricantes de material esportivo, ou dos patrocinadores da Copa, de cerveja a fabricantes de veículos, com investimento individual a partir de 100 milhões de dólares, um aumento de 100% se compararmos com as cotas da Copa de 2002. Anheuser-Busch (AB-InBev), McDonalds, MTN e Satyam patrocinam o evento da África do Sul; além de Adidas, Coca-Cola, Emirates Airline, Hyundai, Sony e Visa que tem contrato permanente com a Fifa. Nada abaixo de 300 milhões de dólares por edição da copa. Até o Twitter entrou no jogo: acaba de fechar acordo para patrocinar duas edições da competição pelo valor de 305 milhões de dólares.

O futebol está dividido em campeonatos e o mercado esta dividido em Nivel de Abrangência. Há o Campeonato Estadual (Mercado Doméstico); o Campeonato Brasileiro (Mercado Regional); o Campeonato Sul-americano ou a UEFA (Mercado Multinacional) e a Copa do Mundo (Mercado Global). Esses conceitos de mercado são facilmente percebidos na analogia. Nem todos os times dos campeonatos estaduais participam dos campeonatos nacionais, e assim evoluem, até chegar a poucas empresas/times/países, que participam do mercado globalizado. Podemos ainda identificar nichos nos mercados domésticos, como a 2a. e 3a. divisões, onde há um outro público envolvido, com outros produtos/times, além dos campeonatos de futebol de várzea ou nos condomínios residenciais, equivalentes ao mercado informal. Isso sem falar dos video-games (vendas pela internet) que substituem o prazer do jogo quando não se pode jogar de verdade.

Se compararmos os campeonatos às leis da Biologia, seria a Lei Natural de Seleção do Mais Forte. No futebol, assim como nos negócios, existe a Seleção Natural do Mais Flexível, Adaptável e Inovador.

Quanto à gestão, é necessidade um grande líder, visionário, focado no futuro e determinado a seguir seus objetivos, que serão repassados à empresa/time por ele e seu staff: será que esse é o Dunga?

E se a equipe da empresa/time de hoje, para sobreviver no mercado/campeonato precisa de determinadas habilidades, podemos destacar algumas:

Comprometimento - envolvido ou comprometido? A diferença faz toda a diferença... Estou envolvido no clima da copa, mas não me comprometo com os resultados, nem com os treinos de manhã bem cedo e muito menos com o estudo do adversário/concorrência. Faço parte da equipe e meu esforço é uma fração do sucesso alcançado pela empresa ou apenas cumpro ordens e "bato meu cartão"?

Inovação - se não existe o esforço de mudança, ousadia e inovação, sua vantagem competitiva será obsoleta, já conhecida pelo mercado e pela concorrência. De que vale um jogador que sabe um único drible? Ou um time de uma única estrela?

Estratégia - sem ela a empresa/time vive somente para o agora, sem visão de longo prazo. Ganha um jogo nas eliminatórias, mas jamais chegará à final da Copa;

Competência – a competência pode ser uma equação onde se mede a obtenção de um determinado resultado, com um menor esforço, num menor espaço de tempo.

COMPETÊNCIA = Resultado Esperado

Tempo X Esforço

Essa competência só vem através do conhecimento de variáveis como as atribuições de jogador/executivo, o ambiente onde estou competindo e o adversário/concorrência.

Porém nada mais está sozinho, ou sem conexão com outros ambientes. Os EUA passam por uma grave crise financeira em 2009, gerada pelos financiamentos imobiliários e contaminaram todo o mercado global. Mesmo que não tinha relação direta com eles – existe esse país ? – foi afetado e sofreu no minimo uma forte desaceleração na sua economia, chegando a crises agudas, como a da Grécia.

Assim como vimos que a influencia externa desestabiliza o ambiente, na seleção, a influência de patrocinadores, torcida, cartolas e burocratas da comissão técnica tem impacto direto no resultado final da partida. O risco país é um paralelo ao descrédito na seleção brasileira no início da copa.

Os jogadores são como produtos, consumidos em diversos clubes/mercados. A equação clássica de valor abaixo, pode ser adaptada para o mundo futebolístico:

VALOR = Benefícios diretos - Custos Diretos

Preço

Apesar de não podermos somar variáveis de grandezas diferentes, ousaria, para o futebol, apresentar a equação abaixo:

VALOR = Prazer de ver jogar + Número de Espectadores + Cotas de Patrocínio de Midia

Valor do Passe + Salário + Custo de Operação do Clube

Ainda sob a forma das empresas/times participarem do mercado globalizado, vale ressaltar dois exemplos. O futebol alemão de um lado, com sua gestão Etnocêntrica, destacando apenas as características do seu mercado doméstico/campeonato local, sem adequar às novas necessidades do mercado global/copa do mundo. Do outro lado o futebol brasileiro, e a Gestão Geocêntrico, entendendo a diversidade do mercado globalizado/copa do mundo e adequando seu produto/futebol às novas necessidades.

E para concluir, não podemos esquecer do exemplo do nosso eterno capitão Cafu, que sendo visto por bilhões de espectadores, dá-nos um perfeito exemplo da coexistência Global e Local ao estampar em sua camisa pentacampeã mundial, a frase "100% Jardim Irene".

Onde você está preparado para jogar? Vai de várzea ou já consegue jogar no campeonato estadual? Tem um plano para chegar no Brasileirão? E não esqueça que todo mundo de vez em quando, gosta de um video-game...

Alessandro Saade - é mestre em comunicação e mercados,
autor e organizador do livro
Dominando Estratégias de Negócios e
professor dos cursos de pós-graduação do INPG
– Instituto Nacional de Pós-Graduação.

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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Conflito nas Organizações

INTRODUÇÃO

Definição de Conflito.

O que vamos apresentar neste trabalho é um pouco sobre o conflito nas organizações e antes de tudo devemos entender o que é conflito, que sob a ótica do antigo paradigma, nada mais é que percepções e interpretações divergentes das partes sobre um determinado assunto. É sempre visto como algo negativo, um rompimento, um fim. Pela nova ordem sistêmica, o conflito é um meio, uma oportunidade de reconstrução de realidades e motor gerador de energia criativa.

Os conflitos existem desde o início da humanidade, o mesmo é fonte de idéias novas, podendo levar a discussões abertas sobre determinados assuntos, o que se revela positivo em algumas das vezes, quando positivo permite a expressão e exploração de diferentes pontos de vista, interesses e valores, ou seja, em certos momentos e em determinados níveis, o conflito pode ser considerado necessário, caso não queira entrar num processo de estagnação. Assim os conflitos não são necessariamente negativos; a maneira como lidamos com eles é que pode gerar algumas reações.

“Em sentido geral organização é o modo como se organiza um sistema. É a forma escolhida para arranjar, dispor ou classificar objetos, documentos e informações.”

Em Administração a organização tem dois sentidos:

1. Grupo de indivíduos associados com um objetivo comum. Exemplo: empresas, associações, órgãos do governo, ou seja, qualquer entidade pública ou privada. As organizações são compostas de estrutura física, tecnológica e pessoas.


2. Modo como foi estruturado, dividido e sequenciado o trabalho.


Segundo Montana (2003, p. 170) organizar é o processo de reunir recursos físicos e humanos essenciais à consecução dos objetivos de uma empresa.


A estrutura de uma organização é representada através do seu organograma.


Segundo Maximiano(1992)uma organização é uma combinação de esforços individuais que tem por finalidade realizar propósitos coletivos. Por meio de uma organização torna-se possível perseguir e alcançar objetivos que seriam inatingíveis para uma pessoa. Uma grande empresa ou uma pequena oficina, um laboratório ou o corpo de bombeiros, um hospital ou uma escola são todos exemplos de organizações.


Uma organização é formada pela soma de pessoas, máquinas e outros equipamentos, recursos financeiros e outros.A organização então é o resultado da combinação de todos estes elementos orientados a um objetivo comum.


Organizar compreende atribuir responsabilidades às pessoas e atividades aos órgãos (unidades administrativas). A forma de organizar estes orgãos chama-se de departamentalização.


Do grego "organon", organização significa instrumento, utensílio. De acordo com o Prof. João Bilhim "a organização é uma entidade social, conscientemente coordenada, gozando de fronteiras delimitadas que funcionam numa base relativamente contínua, tendo em vista a realização de objectivos comuns". Sobrevivência e crescimento (metas e objectivos) é o que a maioria ambiciona. Objectivos que exigem grupos de duas ou mais pessoas, que estabelecem entre eles relações de cooperação, acções formalmente coordenadas e funções diferenciadas, hierarquicamente hierárquica.

• DESENVOLVIMENTO

Se a historia for observada, ate há pouco tempo à ausência de conflitos era vista como expressão de bom ambiente, boas relações, e no caso das organizações, como sinal de competência, pois a maioria dos profissionais via o conflito de forma negativa, sendo o resultado de uma ação ou mau comportamento de algumas pessoas, e associavam à agressividade, ao confronto físico e verbal e sentimentos ruins, que eram considerados prejudiciais ao bom relacionamento entre pessoas e ao bom funcionamento das organizações.

A partir do surgimento de inúmeras transformações políticas, culturais e sociais percebidas no decorre deste século, emergiu entre as organizações a necessidade de tornarem-se cada vez mais produtivas e competitivas, visando sua vitalidade num mercado muitas vezes delas restrito. Sabendo desta necessidade, muitos lideres passaram a analisar, avaliar e identificar os problemas enfrentados pela equipe na aceitação e adaptação de mudanças, para então, perceber as dificuldades, e necessidades individuais de cada colaborador e partir para a pratica tentando entusiasmá-los com o quesito mudanças em seus afazeres.

Níveis e estágios do conflito.

1. Causas dos conflitos dentro das Organizações.

Os conflitos surgem por razões tipo competição entre as pessoas, por recursos disponíveis, mas escassos; pela divergência de alvos entre as partes; e pelas tentativas de autonomia ou libertação de uma pessoa em relação a outra, assim como podem ser atendidos como fontes de conflito: direitos não atendidos ou não conquistados; mudanças externas acompanhadas por tensões, ansiedades e medo; luta pelo poder; necessidade de status, desejo de êxito econômico; exploração de terceiros ( manipulação); necessidades individuais não atendidas; expectativas não atendidas; carências de informação, tempo e tecnologia; escassez de recursos; marcadas diferenças culturais e individuais; divergência e metas; tentativa de autonomia; emoções não expressas/ inadequadas; obrigatoriedade de consenso; meio-ambiente adverso e preconceitos.

No dia-a-dia das organizações e até mesmo de nossas vidas pessoal vivemos o conflito de diferentes maneiras: quantas vezes as pessoas não atravessam nosso caminho, dificultando ou mesmo impedindo o atingimento de nossos objetivos? Assim, o conflito não deve ser visto apenas como impulsionador de agressões, disputas ou ataques físicos, mas como um processo que começa na nossa percepção e termina com a adoção de uma ação adequada e positiva, os conflitos surgem e nosso dever é estar situado quanto às causas dos mesmos normalmente estes se dão, por muitos aspectos, logo abaixo estaremos citando alguns:

• Pela experiência de frustração de uma ou ambas as partes, ou seja, a incapacidade de atingir uma ou mais metas ou realizar os seus desejos, por algum tipo de interferência ou limitação pessoal, técnica ou comportamental.


• Diferenças de personalidades, que são invocadas como explicação para as desavenças tanto no ambiente familiar como no ambiente de trabalho, e reveladas no relacionamento diário através de algumas características indesejáveis na outra parte envolvida;


• Metas diferentes, pois é comum estabelecermos ou recebermos metas a serem atingidas e que podem ser diferentes dos de outras pessoas e de outros departamentos, o que nos leva à geração de tensões em busca de seu alcance;


• Diferenças em termos de informações e percepções, costumeiramente tendemos a obter informações e analisá-las à luz dos nossos conhecimentos e referenciais, sem levar em conta que isto ocorre também com o outro lado com quem temos de conversar ou apresentar nossas idéias, e que este outro lado pode ter uma forma diferente de ver as coisas.


A seguir, é possível acompanhar a evolução dos conflitos e suas características:


Nível 1 - Discussão: é o estágio inicial do conflito; caracteriza-se


normalmente por ser racional, aberta e objetiva;


Nível 2 - Debate: neste estágio, as pessoas fazem generalizações e


buscam demonstrar alguns padrões de comportamento. O grau de


objetividade existente no nível 1 começa a diminuir;


Nível 3 - Façanhas: as partes envolvidas no conflito começam a


mostrar grande falta de confiança no caminho ou alternativa


escolhidos pela outra parte envolvida;


Nível 4 - Imagens fixas: são estabelecidas imagens preconcebidas


com relação à outra parte, fruto de experiências anteriores ou de


preconceitos que trazemos, fazendo com que as pessoas assumam


posições fixas e rígidas;


Nível 5 - Loss of face (.ficar com a cara no chão.): trata-se da


postura de .continuo neste conflito custe o que custar e lutarei até


o fim., o que acaba por gerar dificuldades para que uma das partes


envolvidas se retire;


Nível 6 - Estratégias: neste nível começam a surgir ameaças e as


punições ficam mais evidentes. O processo de comunicação, uma


das peças fundamentais para a solução de conflitos, fica cada vez


mais restrito;


Nível 7 - Falta de humanidade: no nível anterior evidenciam-se as


ameaças e punições. Neste, aparecem com muita freqüência os


primeiros comportamentos destrutivos e as pessoas passam a se


sentir cada vez mais desprovidas de sentimentos;


Nível 8 - Ataque de nervos: nesta fase, a necessidade de se


Autopreservar e se proteger passam a ser a única preocupação. A


principal motivação é a preparação para atacar e ser atacado;


Nível 9 - Ataques generalizados: neste nível chega-se às vias de


fato e não há alternativa a não ser a retirada de um dos dois


lados envolvidos ou a derrota de um deles.


2. Tipos de conflitos.

Um conflito, como já se viu, freqüentemente pode surgir de uma pequena diferença de opiniões, podendo se agravar e atingir um nível de hostilidade que chamamos de conflito destrutivo, para lidar com estes é importante conhecê-los, saber qual é sua amplitude e como estamos preparados para trabalhar com eles;

Existem inúmeros tipos de conflitos e sua identificação pode auxiliar a detectar a estratégia mais adequada e talvez possamos a partir destas informações, saber como superá-los ou utilizá-lo como um auxilio de crescimento na organização.

• Conflito latente: não é declarado e não há, mesmo por parte dos elementos envolvidos, uma clara consciência de sua existência. Eventualmente nem precisam ser trabalhados.


• Conflito percebido: os elementos envolvidos percebem, racionalmente, a existência do conflito, embora não haja ainda manifestações abertas do mesmo;


• Conflito sentido: é aquele que já atinge ambas as partes, e em que há emoção e forma consciente;


• Conflito manifesto: trata-se de conflito que já atingiu ambas as partes, já é percebido por terceiros e pode interferir na dinâmica da organização.

3. Conflitos Interpessoais nas Organizações.

Os conflitos interpessoais se dão entre duas ou mais pessoas e podem ocorrer por vários motivos: diferenças de idade, sexo, valores, crenças, por falta de recursos materiais, financeiros, e por diferenças de papeis, podemos dividir este tipo de conflitos em dois:
• Hierárquicos: colocam em jogo as relações com a autoridade existente. Ocorre quando a pessoa é responsável por algum grupo, não encontrando apoio junto aos seus subordinados e vice-versa. Neste caso, as dificuldades encontradas no dia-a-dia deixam a maior parte das pessoas envolvidas desamparada quanto à decisão a ser tomada.

• Pessoais: dizem respeito ao indivíduo, à sua maneira de ser, agir, falar e tomar decisões. As “rixas pessoais” fazem com que as pessoas não se entendam e, portanto, não se falem. Em geral esses conflitos surgem a partir de pequenas coisas ou situações nunca abordadas entre os interessados. O resultado é um confronto tácito que reduz em muito a eficiência das relações.
Todos os conflitos podem ser resolvidos, mas nem todos os conflitos irão ser resolvidos". A afirmação paradoxal é de George Kohlrieser, psicólogo especializado em comportamento organizacional. Desta forma, ele quer demonstrar que não há limites para quem está disposto a se esforçar para atingir seus objetivos.


"Nosso cérebro está programado para enxergar o lado negativo das coisas, por uma questão de sobrevivência. Mas podemos treiná-lo para pensar sempre positivamente". Por isso, esteja atento a suas reações mediante a situações conflituosas. “Se você é perfeccionista, crítico, beirando a ansiedade, por favor, comece já a reformular sua mente. Conflitos são como um peixe embaixo de uma mesa”.


Após algum tempo, começa a cheirar mal", exemplifica. Ou seja, não dá para esconder as dificuldades por muito tempo porque uma hora elas irão emergir. E qual o caminho mais curto para a resolução de problemas? "A solução é trazer o peixe à tona e limpá-lo. Não é para haver confronto com o outro, mas uma conversa sincera sobre a questão". Kohlrieser afirma que, em uma discussão, se você é atacado, não ataque de volta.


"Em vez disso, mantenha a calma e faça uma pergunta. Questione a outra parte sobre o porquê de seu comportamento". Dentro da organização, os conflitos devem ser administrados por um líder que saiba dialogar e que seja uma base segura para os funcionários. "Deve pensar nas pessoas e não só ter foco nos resultados". Confira alguns atributos para a prevenção de conflitos organizacionais entre os membros da equipe (Compromisso com as metas; Diálogos com respeito mútuo, Liderança criativa e Máximo autodomínio). A maior dica de Kohlrieser para dissolver conflitos e viver satisfatoriamente é saber renovar-se, pois, para ele, mesmo as pessoas mais idosas podem ter aprendizado contínuo.


"Mude sua identidade e aprenda a crescer". O segredo para viver bem, de acordo com ele, é ter prazer em tudo o que se faz. "Mesmo quando a situação não for das melhores, lembre-se: a festa não acabou", festeja.


4. Conseqüências do conflito.

Podemos identificar em algumas situações, vários aspectos do conflito que podem ser considerados como negativos e aparecem com freqüência dentro das organizações.

• Quando desviam a atenção dos reais objetivos, colocando em perspectiva os objetivos dos grupos envolvidos no conflito e mobilizando os recursos e os esforços para a sua solução;

• Quando tornam a vida uma eterna derrota para os grupos de “perdedores habituais”, interferindo na sua percepção e na socialização daqueles que entram na organização;

• Quando favorecem a percepção estereotipada a respeito dos envolvidos, como ocorre freqüentemente em organizações. Se por um lado existem os estereótipos genéricos referentes às categorias profissionais, dentro de cada organização, além dos tipos que fazem parte de sua cultura individual, como seus heróis, mitos, tipos ideais, começam a surgirem seus “perdedores”, “ganhadores”, “culpados” e “inimigos”.

No entanto temos potenciais de efeitos benéficos dos conflitos, a saber:

• São bons elementos de socialização, pois oferecem aos novos participantes de um grupo a sensação de envolvimento com alguma causa;

• Ajudam a equilibrar as relações de poder dentro da organização, pois qualquer episódio de conflito pode haver diferente ganhador (independentemente das percepções anteriores);

• Propiciam a formação de alianças com o objetivo de ganhar num conflito específico, mas também de garantir mais poder.

5. Como resolver os conflitos dentro das Organizações.

Para se resolver os conflitos é preciso compatibilizar alguns passos a ser seguido, conhecer e aplicar alguns “saberes” e, também, definir o estilo a ser adotado.

Os passos a seguir são considerados importantes, para o sucesso da administração de conflitos dentro da organização:

• Criar uma atmosfera afetiva;


• Esclarecer as percepções;


• Focalizar em necessidades individuais e compartilhadas;


• Construir um poder positivo e compartilhado;


• Olhar para o futuro e, em seguida, aprender com o passado;


• Gerar opções de ganhos mútuos;


• Desenvolver passos para a ação a ser efetivada;


• Estabelecer acordos de benefícios mútuos.

Mas para que a administração de conflitos possa ocorrer com sucesso, é necessário que ambas as partes saibam se comunicar, ouvir, e perguntar, pois sem diálogo, não há comunicação nem solução possível para os problemas, a maioria dos erros, omissões, irritações, atrasos e conflitos são causados por uma comunicação inadequada.

O ato de ouvir ativamente é de extrema necessidade também, pois metas e intenções não compreendidas levam sempre a uma resolução sem sucesso, saber perguntar é uma outra faceta do ouvir ativamente, pois quem pergunta conduz a conversa.

Quanto ao estilo a ser adotado, é recomendável adotar um estilo que leve à solução do conflito da forma mais pacífica possível. A que vai definir a resolução dos conflitos está diretamente ligada a duas importantes características de comportamento: assertividade e cooperação.

• CONCLUSÃO.

Sejam eles positivos ou negativos, os conflitos podem ser considerados úteis pelo papel que desempenham na vida das pessoas, portanto é possível constatar que nenhuma organização está livre de conflitos, pois praticamente toda a empresa sofre e se beneficia com eles. Os conflitos são responsáveis por sérias ameaças à estabilidade da organização, mas também podem agir de maneira construtiva estimulando o potencial de inovação.

O manejo de situações de conflito é essencial para as pessoas e as organizações como fonte geradora de mudanças, pois das tensões conflitivas, dos diferentes interesses das partes envolvidas é que nascem oportunidades de crescimento mútuo.

A administração moderna deve encarar o conflito como uma força constante dentro da organização e procurar administrá-la para que estes atuem de maneira construtiva através das técnicas da administração de conflitos.

 Fonte: Nonata Silva Araujo
• BIBLIOGRAFIA
NASCIMENTO, Eunice Maria. Administração de Conflitos
SCHEREIER, Carolina Menran
FILHO, Jaime Teixeira. Evolução, Conflitos e perspectivas. 14/02/2000
JULIO, Carlos Alberto. Comunicador, Presidente da HSM do Brasil, Prof. Universitário e Palestrante.
Artigo da Redação do Jornal A TARDE – BA – Autor não divulgado.

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terça-feira, 1 de junho de 2010

MBA para quê?

Surgido nos Estados Unidos, no período em que o país iniciava a trajetória ascendente no sentido de se tornar a maior potência econômica do planeta, o Master Business Administration, ou simplesmente MBA, ganhou o mundo ao longo do século XX.
Há mais de cem anos, o mestrado em administração de negócios deu aos empresários norte-americanos a base teórica para aquilo que eles só conheciam na prática. Hoje, esse modelo de pós-graduação é um grande diferencial em qualquer mercado de trabalho, valorizado por empresas e desejado por profissionais. Mas um currículo recheado de títulos nem sempre é garantia de sucesso na carreira.

Currículo cheio de MBAs não é tudo

O status que o MBA dá, devido à importância que adquiriu no mercado de trabalho, tem levado profissionais a fazer diversos cursos com o objetivo de se colocar à frente na hora de ser contratado. Por isso, não é raro uma empresa se deparar com um currículo recheado de títulos, muitos dos quais, inclusive, sem tanta utilidade, na prática, para quem os possui. Para os que optam por esse caminho, todo cuidado é pouco.
 
As empresas e seus recrutadores estão cada vez mais cuidadosos nas seleções, e levam em consideração, sempre, qualidade em vez de quantidade. "Alguns colecionam MBAs como se currículo fosse árvore de natal. Faça um só, mas de excelência", afirma Luiz Affonso Romano, presidente do IBCO - Instituto Brasileiro de Consultores de Organização.

Para o presidente do IBE, instituto de educação em negócios conveniado à Fundação Getúlio Vargas - FGV, Heliomar Quaresma, é fundamental acertar na hora de escolher o curso. "Para o currículo do profissional, cada experiência acadêmica e executiva diz (algo) de sua trajetória, capacidade e intencionalidade. Por isso é importante ter o MBA, mas não qualquer MBA", afirma.

Esse curso é mesmo MBA?

É comum que alguns institutos utilizem o nome MBA para dar notoriedade a pós-graduações em outras áreas, o que, de certa forma, banalizou a nomenclatura no meio acadêmico e criou ressalvas no mercado de trabalho. Quem pretende cursar um Master Business Administration com o objetivo de adquirir conhecimentos para a gestão de negócios realmente, precisa ficar atento às diferenças em relação a outros tipos de pós. "Ele (o MBA) não está no mesmo patamar de outras especializações, pelo nível de aprofundamento teórico / prático", lembra Quaresma. "O MBA é muito mais voltado à realidade do mercado e intensifica a interação mercado / teoria / troca de experiências", complementa o presidente do IBE.

No Brasil, a Associação Nacional de MBA (Anamba), formada por algumas das principais escolas de negócios do país, desenvolve parâmetros que norteiam as estruturas curriculares e oferece aos candidatos informações relevantes na hora de escolher um curso. Para obter mais informações, acesse o site http://www.anamba.com.br/.

MBA para quê?

Heliomar Quaresma ressalta a importância do MBA para a gestão, o que, segundo ele, não se restringe aos conhecimentos focados no tradicional mundo dos negócios. "O MBA possibilita o aprofundamento dos conhecimentos da área de gestão e propicia o desenvolvimento de habilidades requisitadas pelas empresas e organizações do setor público e do chamado terceiro setor", afirma.

A capacidade de aliar teoria e prática e o discernimento para desenvolver soluções rápidas, coisas que o MBA ajuda a desenvolver, são valores que nunca deixam de estar em voga. "Como uma economia em crescente ascensão, o mercado brasileiro demanda profissionais capazes, que saibam aliar teoria e prática, capacidade gerencial e relacional para que sejamos líderes mundiais nos diversos setores da economia, sob a ótica da sustentabilidade ambiental e social", afirma Heliomar Quaresma.

Mas o profissional não pode achar que o curso simplesmente vai colocá-lo à frente dos outros no mercado de trabalho. "Por si só, o MBA nada garante quanto à ‘performance' do eleito. Outros aspectos certamente devem ser avaliados. Por exemplo, o candidato quer um emprego ou um trabalho? Ele continua cuidando de seu aperfeiçoamento?", diz Luiz Affonso Romano.

No Brasil ou no Exterior

Os cursos de MBA brasileiros e os oferecidos nos EUA, por exemplo, têm algumas diferenças, principalmente no que diz respeito à dedicação exigida do aluno. Por isso, escolher entre estudar aqui ou lá fora depende muito do perfil do estudante.

Para jovens recém-graduados, que ainda não têm uma carreira, sair do país para cursar um mestrado em administração de negócios pode valer muito a pena. "Nos Estados Unidos, os MBAs de excelência geralmente exigem em torno de dois anos de dedicação quase exclusiva. Essa duração, mais a sua qualidade e metodologia do ensino, são vantagens indiscutíveis sobre os que vemos por aqui", afirma Luiz Affonso Romano.

Por outro lado, para o profissional que já está no mercado, cursar um MBA oferecido no Brasil mesmo pode ser uma boa alternativa. O país já dispõe de boas escolas e, na maioria das vezes, as próprias empresas financiam os cursos de seus executivos. "No Brasil, o MBA seguiu outra estrutura (diferente da norte-americana), adaptada à realidade da nossa cultura e também do nosso mercado", lembra Heliomar Quaresma. Os chamados MBAs Executivos, voltados para administradores que já têm, em média, 10 anos de carreira, permitem que os alunos estudem e trabalhem ao mesmo tempo.

Estar atento ao reconhecimento das instituições que oferecem MBA, ver se realmente há adequação do tipo de curso oferecido a seu perfil profissional e ter consciência de que ser um "master in business" no papel não basta. Com isso em prática, a pós mais desejada por quem lida com administração de negócios poderá, sim, ser capaz de dar um upgrade em sua carreira e garantir sucesso no mercado de trabalho.
 
Fonte: Simão Vieira, www.administradores.com.br
 
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